Qual a relação entre Free Fire, um dos mais populares jogos para celulares no Brasil, e a plataforma de comércio eletrônico Shopee, que também vê seu nome ganhar notoriedade por aqui? Há chances dessa pergunta não fazer sentido entre os sellers, a não ser entre os “iniciados” em games. Mas este é um ponto de partida fundamental para quem deseja entender o crescimento do marketplace asiático no país.
Desde sua fundação, em 2015, a Shopee cresceu a ponto de se tornar o principal concorrente da gigante Alibaba na Ásia. Oficialmente, o marketplace desembarcou por aqui em outubro de 2019: o Brasil foi a escolha da empresa para abrir seu primeiro escritório fora do continente asiático, oferecendo num primeiro momento produtos importados da China.
Em pouco mais de um ano, a Shopee chama a atenção no competitivo mercado de marketplaces, lado a lado com Mercado Livre, B2W, Via Varejo, Magazine Luíza e Amazon. Dados da consultoria Conversion demonstram a penetração rápida da marca no país, apontando um crescimento em 1464% no YoY (Year over Year). Neste artigo, reunimos algumas das perguntas mais frequentes em relação a mais este canal de vendas.
Qual a origem do site Shopee?
A história da plataforma começa em 2009, em Singapura, a partir do primeiro projeto digital do empresário Forrest Li: a startup Garena. A ideia era construir uma comunidade em torno de games para dispositivos móveis. A empresa cresceu rapidamente, apoiada em uma compreensão detalhada do comportamento de usuários entusiasmados. Não à toa, um de seus principais produtos, o jogo de batalha Free Fire, é um fenômeno global.
Em qual outro setor é possível aplicar essa expertise? No e-commerce. Foi assim que Forrest Li nomeou nomeou Chris Feng como CEO de uma nova startup, a Shopee, em 2015. Inicialmente a plataforma adotou um modelo C2C (consumer-to-consumer), focado em mobile first: 95% dos pedidos são feitos pelo aplicativo móvel.
A Shopee se caracteriza ainda por estimular uma forte experiência social: tanto consumidores quanto vendedores criam perfis na plataforma, em uma relação similar a qualquer rede social. A plataforma investe em recursos de gamificação e experiências de compra imersivas – ou, como a empresa define, “divertidas e envolventes”, dando ênfase ao relacionamento por meio de chat, recursos para transmissão em vídeo, entre outras ferramentas.
Enquanto abria seu marketplace para o mercado B2C em 2017, a Shopee e sua co-irmã Garena tornou-se o Sea Group, uma abreviação de South East Asia que também significa “novos mares”, segundo Forrest Li. Além dos jogos para dispositivos móveis e comércio eletrônico, o grupo mantém ainda a empresa de carteiras e meios de pagamento SeaMoney. Um ano e meio após o IPO da empresa em Nova York, as ações do grupo cresceram 880%, chamando a atenção do planeta.
Como explicar o crescimento da Shopee no Brasil?
Inicialmente, a Shopee expandiu suas atividades no sudoeste asiático: além de Singapura, chegou à Malásia, Tailândia, Taiwan, Indonésia, Vietnã e Filipinas. Sem fazer barulho, preparou-se durante o final de 2019 e começo de 2020 por meio de análise de dados e algoritmos capazes de identificar padrões de navegação e insights para compras. A ideia é observar o mercado e associar a oferta de itens importados da China com parceiros locais. A mesma estratégia deve pautar as operações no México, que começaram em fevereiro deste ano.
Para aumentar a base de clientes, a Shopee não poupou esforços de marketing. De olho em sua primeira Black Friday, em novembro de 2020, a marca investiu pesado em campanhas para a TV. O aplicativo, intuitivo e de fácil navegação, ofereceu R$ 1 milhão em vouchers de desconto, além do parcelamento sem juros e a oferta massiva de cupons para frete grátis – pesquisa da Webshoppers indica que este é um dos principais motivadores de compras.
Se por um lado os itens chineses chamaram a atenção pelos preços mais baixos, os varejistas nacionais levam vantagem no prazo para entrega. Também contaram com uma ação agressiva de marketing a seu favor: além de convidar vendedores com boa reputação em outros canais, a Shopee abriu seu cadastro sem comissão nas vendas, política que se manteve até fevereiro de 2021, quando passou a cobrar 5% por transação, valor que não é cobrado em caso de cancelamento. Esta ainda é uma das taxas mais baixas entre os marketplaces.
Posso vender na Shopee apenas com o CPF?
Para começar a vender na Shopee, basta um cadastro com nome, CPF ou CNPJ, e-mail e telefone. Em seguida, é possível personalizar a página própria de sua loja com o nome, descrição, logotipo e um endereço de origem, usado para calcular o valor para envio de produtos. Como resultado, todo vendedor tem uma URL personalizada, que pode ser divulgada em suas redes sociais, intensificando o caráter social da plataforma.
Em outras palavras: é possível começar a vender usando apenas uma conta para pessoa física. Mas é preciso ter muita atenção para evitar dores de cabeça. Entre os grupos de vendedores em redes sociais, são comuns relatos de suspensão ou cancelamento de contas em função de alguma violação nos termos de serviço ou condições impostas pela plataforma. A Shopee se baseia em algoritmos capazes de prever fraudes ou violações nas Políticas de Desempenho do Vendedor, sistematizadas em um Sistema de Pontos de Penalidade.
Além dos indicadores relacionados à experiência de compra, como autenticidade das informações do anúncio, ausência de itens proibidos, rapidez no envio e atendimento ao cliente, o sistema fica atento a qualquer relação nociva de compra e venda, comuns entre usuários que usam a mesma conta para comprar e vender produtos. De forma prática: se a sua loja possui CNPJ e já opera de olho nestes indicadores em outros canais, sem problemas.
Existe alguma desvantagem ao vender na Shopee?
Além de prestar atenção nos Termos de Uso e nas Políticas de Pontuação, o vendedor precisa estar atento à Garantia Shopee, recurso para aumentar a confiança entre a plataforma e o consumidor. Ao fechar um pedido, o valor do pagamento fica retido pela Shopee até o cliente confirmar, por meio do app, a entrega do pedido nas condições estabelecidas. Só então o valor é repassado aos vendedores, num prazo que pode chegar a 10 dias corridos.
Isso significa que a Shopee pode não ser a melhor escolha para quem tem pouca familiaridade com e-commerce e planeja usá-lo como único ponto de venda. Em compensação, mesmo o seller novato pode contar com uma Central do Vendedor, com informações detalhadas sobre a jornada do consumidor na plataforma. A Shopee oferece ainda uma Central de Educação do Vendedor, com artigos e webinars que promovem treinamentos para suas ferramentas, vendas, ações de marketing, entre outras.
Como começar a vender meus produtos na Shopee?
O principal atributo dos produtos oferecidos na Shopee tem a ver com a resposta do cliente, que faz a compra imediata de um produto, incluindo decisões por impulso. Além do preço reduzido (muitas vezes com o desconto assinalado no próprio anúncio), a oferta se torna irresistível graças ao parcelamento sem juros e o número elevado de cupons com frete grátis.
Assim, os produtos de maior conversão na plataforma acabam sendo os de margem de lucro e ticket médio reduzidos. Um bom começo é optar por produtos campeões de venda, que se enquadram nessas características. Isso deve impulsionar o volume logo nos primeiros dias de operação, ampliando sua pontuação na plataforma e, consequentemente, sua visibilidade.
Para testar os melhores itens, reconhecer as melhores possibilidades de negócio e potencializar a gestão de um grande volume de pedidos, é imprescindível contar com uma ferramenta de integração adequada. Isso facilita, inclusive, a vida dos vendedores que desejam apresentar seus produtos em mais de uma plataforma.
Conclusão: vale a pena vender nesse canal?
O fato é que a Shopee desembarcou no Brasil com força total, dividindo espaço não apenas com seus concorrentes diretos, como AliExpress, Wish ou Shein, mas também com as plataformas estabelecidas no comércio eletrônico nacional. Tanto os consumidores quanto os sellers só têm a ganhar com essa disputa.
Além de se estabelecer como um canal de vendas promissor para quem trabalha com produtos populares e preços competitivos, a Shopee é um ambiente promissor para quem valoriza o relacionamento com o cliente. A capacidade em integrar o e-commerce e interações sociais é um aspecto que deve estar no radar de qualquer vendedor.
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Na próxima semana farei mais um review com depoimento e resenha sobre Vantagens e cuidados para vender na Shopee. Espero ter ajudado a esclarecer o que é, como usar, se funciona e se vale a pena mesmo. Se você tiver alguma dúvida ou quiser adicionar algum comentário deixe abaixo.
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