Adam Mosseri, chefão do Instagram, anunciou no começo de julho deste ano mudanças substanciais na dinâmica da plataforma com seus usuários. Nas palavras dele, o Insta não é mais um app para compartilhamento de fotos, o que a gente já sabe faz tempo, desde quando as metas de alcance e engajamento foram turbinadas com as possibilidades de comércio — transformando o aplicativo de exibição de selfs e gatinhos marotos em um grande balcão virtual de vendas.
Vídeos mais longos, vistos anteriormente apenas no IGTV, já abrem normalmente no feed. Mas o que a equipe liderada por Mosseri pretende mesmo ao convocar os algoritmos para privilegiarem os conteúdos em vídeo, é neutralizar o avanço do TikTok e do bom e velho YouTube, que também se movimenta e introduz a versão shorts de até um minuto.
Faço menção à polêmica do Instagram (que, apesar de ter alegrado alguns, tem apavorado a maioria de seus usuários) para lembrar a volatilidade das chamadas mídias digitais. Temos que entendê-las não apenas como uma parte da nossa estratégia de contato direto com o cliente, mas como negócios robustos com suas próprias metas e propósitos. Em outras palavras, elas não estão ali para que marcas, empresas e cidadãos comuns divulguem seus produtos, suas criações, ideologias e suas receitas deliciosas. Estão, sim, para gerar lucro e desbancar os concorrentes, mas nem sempre implementam táticas que estão em sintonia com os seus usuários. Podem chamar de inovação, de evolução, se preferirem, mas o fato é que as regras do jogo vão mudar sempre que for conveniente para eles.
Isso significa que todo mundo deve sair por aí com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça atrás do bloco do algoritmo? Não necessariamente. Aqui mesmo, neste espaço, já chamei a atenção para a tendência de os vídeos se firmarem cada vez mais como a linguagem dos conteúdos. É fato que com a pandemia o consumo de audiovisuais cresceu ainda mais, como comprova a pesquisa do Motioncue .
Mas, antes de qualquer movimento antecipado, é recomendável que você faça para si próprio as seguintes perguntas: migrar todo ou parte do seu conteúdo para vídeo faz sentido para a sua comunicação? Essa mudança tem a ver com a essência de sua marca, com a estratégia que está desenhada para ela?
Quero dizer que as regras no ecossistema das mídias sociais são mesmo voláteis, ou seja, vão mudar ao sabor das circunstâncias. Portanto, precisamos nos adaptar a elas muitas vezes, o que não significa mudar com elas. Quem começou no Orkut, viveu a euforia do Snapchat, do Filckr e aprendeu a fazer marketing digital no Facebook, LinkedIn e Twitter sabe que mudanças são periódicas, acontecem em intervalos cada vez mais curtos e têm a ver com a velocidade das reações no nosso tempo. Esses turning points são uma excelente oportunidade para refletir sobre a nossa essência, o lugar que ocupamos, a voz que ressoa na nossa comunicação. Antes de mudar, é conveniente olhar para dentro de si, localizar os nossos valores de autenticidade, o que nos faz únicos.
Sim, as mídias sociais se mantêm imprescindíveis no nosso esforço de comunicação, e é bom que seja assim. Não se trata, portanto, de minimizar a sua importância, até porque as projeções mostram que no futuro próximo elas continuarão interferindo no senso comum, nas questões políticas e, principalmente, nas práticas de consumo. A pesquisa encomendada pela SproutSocial ouviu 1.000 consumidores e 250 executivos para entender como as mídias sociais impactam suas organizações. Essa importância pode ser sintetizada nos seguintes pontos:
- 91% dos executivos preveem que o orçamento de marketing de mídia social de sua empresa aumentará nos próximos três anos, e a maioria projeta um aumento de mais de 50%;
- 85% dos executivos relatam que os dados sociais serão a principal fonte de inteligência de negócios para o avanço da empresa;
- 78% dos consumidores estão mais dispostos a comprar de uma marca e 77% escolherão uma marca em vez de um concorrente, após terem experiência positiva com uma marca nas redes sociais.
Vamos continuar aprendendo com elas, buscando conexões com seus movimentos, mas sem deixar que a nossa identidade se perca. Afinal, muito mais importante do que “lacrar” com o reels da temporada é sermos reconhecidos por aquilo que fazemos de melhor.
O post Mídias sociais: quando ser autêntico é o que importa apareceu primeiro em E-Commerce Brasil.
Na próxima semana farei mais um review com depoimento e resenha sobre Mídias sociais: quando ser autêntico é o que importa. Espero ter ajudado a esclarecer o que é, como usar, se funciona e se vale a pena mesmo. Se você tiver alguma dúvida ou quiser adicionar algum comentário deixe abaixo.
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