O mercado de e-commerce LGBTQIA+ no Brasil

Neste artigo eu vou falar um pouco sobre o viés mercadológico para nichos de mercado específicos, que ainda são pouco explorados no Brasil, mas que já tem força no exterior. Vou focar no exemplo do mercado LGBTQIA+. Só para dar uma visão geral, segundo a consultoria Ebit|Nielsen, mesmo com um aumento de 39% em 2020 comparado ao ano anterior, e-commerce LGBTQIA+ no Brasil ainda não é tão aproveitado como no exterior.

Imagem de uma bandeira com as cores do arco-íris representando pessoas LGBTQIA+
E-commerces e marketplaces devem aproveitar o público LGBTQIA+ para crescimento do negócio.

Para início de conversa, há públicos com necessidades e demandas específicas. No caso do público LGBTQIA+, estamos acostumados a linkar nicho de mercado a algum produto. Mas nesse caso, a grande diferença é que o nicho se torna um público. E o que isso quer dizer? Basicamente, as empresas precisam estar completamente cientes de que suas lojas de e-commerce e marketplace devem conversar com o consumidor e fazer com que ele se sinta contemplado pelo seu conteúdo, e chegue até o seu produto. Com essa atitude, o posicionamento da marca melhora, o cliente se torna fiel a ela, seu produto é vendido e o mercado ganha mais visibilidade. A conversa aqui é sobre estilo de vida, identidades, e não apenas sobre produtos.

Marketplace e o público LGBTQIA+

Mas, como fazer isso num marketplace? Há limitações no que diz respeito à inserção de design próprio, o modelo dos portais é fechado… Então, é evidente que você não vai poder adequar como bem entende, mas pode fazer essa segmentação na descrição dos anúncios, por exemplo. Mas isso se você preferir colocar seus produtos nos marketplaces padrões.

Um bom exemplo é o marketplace Feira Preta, que é uma opção para quem quer atingir um público mais consciente. A plataforma comercializa produtos e serviços criados por negros, indígenas, LGBTQIA+ e outros empreendedores que participaram incubadora PretaHub — aceleradora do empreendedorismo negro no Brasil —, que é um dos requisitos para fazer parte do marketplace. Ou, então, ter participado de alguma edição do Festival Feira Preta.

Quanto aos números, o Pink Money — termo usado para se referir a comercialização de produtos LGBTQIA+ — movimenta números expressivos na economia brasileira. Segundo o blog Alelo, estima-se que no Brasil o potencial de compras do público LGBTQIA+ é de quase R$ 420 bilhões (ou cerca de 10% da riqueza produzida no país, segundo dados da consultoria norte-americana Out Leadership, de 2015). Na Europa, o potencial de consumo é estimado em US$ 873 bilhões. Nos EUA, chega a US$ 760 bilhões.

O poder de consumo do público LGBTQIA+

Alguns estudos demonstram que o poder aquisitivo deste público é maior, em média, muito pelos gastos e prioridades serem diferentes do público heterossexual. Afinal, trata-se de um perfil que não possui tantos filhos e pode focar seus gastos para outras finalidades como qualidade de vida e bem-estar. Esse é um dado importante e que demonstra como é um mercado que conta com todos os fatores para crescer cada vez mais, assim como está sendo no exterior. Os principais segmentos procurados por esse público são o de lazer, vestuário, turismo e cultura.

Vale lembrar que é importantíssimo olhar para dentro da empresa. Crie políticas internas que se mantenham alinhadas à especificação do público consumidor. Mais do que em outros tipos de nicho, não cumprir com essa meta pode colocar seu produto e sua empresa em risco.

Fuja do estereótipo

Outra dica que dou (extremamente necessária), e que precisa ser lembrada em diversas etapas, é fugir dos estereótipos. Afinal, o uso deles pode gerar desconforto e ser ofensivo em alguns casos. Não depender dos estereótipos vai ser mais vantajoso para o valor da marca, tanto internamente quanto para o público. Meu objetivo aqui é esclarecer que alinhar o propósito da marca com a questão social e identitária, neste caso, que é o seu público-nicho, vai te fazer abordar o consumidor sem usar estereótipos — para que ele se sinta contemplado na sua essência, e não através de clichês que generalizam.

Existem alguns e-commerces que podem ser destacados para exemplificar nossos argumentos. O Logay é uma loja virtual de produtos personalizados, principalmente, com a estampa símbolo do movimento: o arco-íris. Esse é um exemplo de loja que usa dos estereótipos, mas que partiu de uma necessidade de quem é empreendedor e também é público-alvo. Outro exemplo que eu trago é o Transludica. Trata-se de uma loja colaborativa voltada para a exposição de produtos de pessoas LGBTQIA+, especialmente transgêneras.

Então, a minha dica é que os e-commerces e marketplaces aproveitem esse espaço para crescimento e olhem para esse público, gerando uma diversificação necessária no mercado. O que falta é oportunidade e investimento.

O post O mercado de e-commerce LGBTQIA+ no Brasil apareceu primeiro em E-Commerce Brasil.

Na próxima semana farei mais um review com depoimento e resenha sobre O mercado de e-commerce LGBTQIA+ no Brasil. Espero ter ajudado a esclarecer o que é, como usar, se funciona e se vale a pena mesmo. Se você tiver alguma dúvida ou quiser adicionar algum comentário deixe abaixo.

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