A crise de Covid-19 afetou drasticamente o mercado brasileiro. Em 2020, as vendas caíram em mais de 1,4 milhão de empresas no país, refletindo até mesmo em desempenho negativo em sete segmentos distintos no ano seguinte.
No entanto, a pandemia foi também um gatilho de mudança tanto para empresas quanto para consumidores. O e-commerce brasileiro ganhou mais espaço, resultando em um crescimento de 27% em 2021. Isso levou as empresas a buscarem novas formas de engajar seus consumidores, investindo em estratégias como o live commerce, provadores online ou até mesmo o uso de realidade aumentada para imersão e interação com o produto.
Uma estratégia que parece ter se destacado bastante foi a de gamificação. Isso porque os jogos permitem não só uma fuga da realidade, mas também auxiliam a satisfazer nossas necessidades naturais de competência, de autonomia e de relacionamento. Durante um período delicado como o pandêmico, jogar tornou-se algo cada vez mais atrativo, independentemente da idade.
Os sistemas de recompensa, combinados a uma narrativa convincente, tornam os jogos extremamente envolventes. O marketing percebeu esse poder e, assim, a gamificação surgiu como uma forma de possibilitar uma experiência imersiva para o consumidor, ao desenvolver jornadas inovadoras e personalizadas. Isso resulta em uma alta nos níveis de engajamento, refletindo nas vendas.
Você vai entender o que está por trás da experiência gamificada e como ela pode motivar o seu consumidor a realizar certas ações na sua loja. Lembrando que a gamificação não precisa ser necessariamente aplicada na sua empresa, mas pode ser um caminho a ser percorrido.
O que está por trás da experiência gamificada?
Como já explicado, a gamificação foca em implementar estratégias de recompensas juntamente a uma narrativa envolvente para manter o consumidor engajado. Quem nunca teve um sentimento de realização depois de subir de nível ou passar de fase e sentiu vontade de avançar cada vez mais?
Segundo o Octalysis Framework de Yu-kai Chou, empresário e consultor de negócios, os jogos têm esse poder de engajar porque apelam para oito elementos centrais de motivação do ser humano: significado épico, realização, feedback, posse, influência social, escassez, curiosidade e perda. Ao fazer uso desses elementos, o jogo nos motiva a seguir adiante.
O Octalysis Framework analisa o raciocínio psicológico por trás da motivação humana e, a partir daí, guia a organização de tarefas na construção de experiências gamificadas para os usuários. Agora, vamos entender um pouco mais sobre esses oito elementos centrais, que ele chamou de “core drives”.
1. Significado épico
No primeiro elemento, a pessoa acredita que está fazendo algo maior do que ela mesma e se sente entusiasmada com esse propósito. O usuário acredita que é “o escolhido”, alguém que possui algo bom que os outros não têm, e gasta parte do seu tempo livre criando algo para a comunidade, como um projeto de código aberto.
2. Realização
Esse é o principal elemento para alcançar metas e superar obstáculos, sendo muito relacionado a desafios. É a estratégia mais utilizada em projetos gamificados, sendo muito observado através dos sistemas de troféus, pontos, medalhas e níveis. Desafios de leitura em apps como o Goodreads são exemplos disso.
3. Feedback
As pessoas possuem o desejo de participar de processos criativos, descobrindo e testando novas coisas e recebendo feedback por isso, uma vez que o ser humano quer poder visualizar os resultados da sua criatividade. Isso pode ser visto através de campanhas que incentivam os consumidores a criarem seus próprios designs para produtos da marca.
4. Posse
Acumular riqueza é um desejo de todo mundo, porque se você possui algo, quer melhorá-lo e obter mais desse bem, como as moedas virtuais. É por isso, também, que as pessoas se conectam mais a produtos personalizados por elas mesmas, já que sentem uma conexão emocional maior. Investimos tempo e energia, através de ações que nos beneficiem com moedas virtuais, para customizar um avatar, por exemplo.
5. Influência social
É da natureza do ser humano querer se relacionar. Todos nós queremos nos sentir conectados com outra pessoa. Não é à toa que os sites de redes sociais fazem tanto sucesso, já que aumentam esse sentimento de conexão e criam competitividade entre os indivíduos. Um exemplo desse elemento pode ser visto nas campanhas de indicação de amigos, incentivando-os a participarem e aproveitarem a oportunidade com você.
6. Escassez
Ficamos motivados quando não conseguimos algo que queremos, seja porque é difícil de ser obtido ou porque não podemos ter imediatamente. Em jogos, os sistemas de energia (como os corações em Candy Crush) limitam o usuário. Isso faz com que ele gaste dinheiro para seguir avançando. Você é do tempo em que o Orkut e o Gmail precisavam de convite para poder entrar? Essa “exclusividade” é outra forma de motivar as pessoas.
7. Curiosidade
Você se lembra dos episódios de Game of Thrones ou de Breaking Bad? Os cliffhangers deixavam os telespectadores ansiosos querendo saber o que aconteceria na semana seguinte. A narrativa era construída de forma a despertar a curiosidade e motivar a assistir ao próximo episódio. Isso porque o ser humano é curioso por natureza e se engaja mais quando existe a possibilidade de ganhar – e não a certeza. É por isso que jogos de azar fazem tanto sucesso.
8. Perda
Por fim, esse elemento está relacionado ao medo de perder algo. Um aplicativo famoso por isso é o Duolingo, que envia notificações ao usuário informando que, caso ele não pratique, vai perder sua “ofensiva”. A ofensiva é um sistema de dias seguidos em que o usuário completa a sua lição e está vinculada à meta diária estabelecida ao criar a conta.
Dicas para gamificar o seu negócio
Chegamos à pergunta que não quer calar: como o seu e-commerce pode usar a gamificação para alavancar as vendas? Você já entendeu que a experiência gamificada pode ser uma ferramenta muito útil para a jornada do seu consumidor. Agora é hora de dar uma olhada em duas dicas importantes.
Recompense seus clientes
As pessoas ficam felizes quando jogam porque podem fazer aquilo de forma voluntária e serem beneficiados por isso. Elas podem concentrar sua energia em algo em que são boas e que causará uma sensação de bem estar. Para manter o engajamento dos seus clientes, é preciso proporcionar a eles boas recompensas. É importante salientar que o prêmio precisa corresponder ao esforço e ao tempo que o consumidor deverá investir no jogo.
Você pode fazer isso criando uma sensação de progresso que resulta em prêmios exclusivos, como descontos ou acesso antecipado a produtos novos. Esse progresso pode ser criado através de pontos, um sistema de ranqueamento ou simplesmente oferecendo insígnias por completar ou participar de ações. Lembrando que isso deve estar conectado a um desafio que motive os consumidores.
Construa um propósito
Fazer algo, e ser recompensado por isso, pode ser motivador, mas fazer isso com um propósito cria uma sensação de realização muito maior. O seu consumidor quer sentir que está fazendo algo importante e está contribuindo para algo maior do que ele. Para isso, também é importante que você tenha bem claro o objetivo da experiência gamificada que está desenvolvendo.
Isso pode estar relacionado até mesmo com campanhas de responsabilidade social. A ideia é conectar seu produto com causas do mundo real e criar empatia. Você pode conectar os prêmios do jogo a uma causa do mundo real, como doação de cestas básicas para famílias carentes.
Agora você está pronto para experimentar a gamificação como estratégia e engajar seus consumidores, alavancando cada vez mais as vendas do seu e-commerce!
Leia também: O impacto da gamificação na jornada de compra
O post Gamificação como estratégia para engajar consumidores apareceu primeiro em E-Commerce Brasil.
Na próxima semana farei mais um review com depoimento e resenha sobre Gamificação como estratégia para engajar consumidores. Espero ter ajudado a esclarecer o que é, como usar, se funciona e se vale a pena mesmo. Se você tiver alguma dúvida ou quiser adicionar algum comentário deixe abaixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário